Juíza de Goiás é afastada após negar aborto legal a adolescente vítima de estupro
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Juíza de Goiás é afastada após negar aborto legal a adolescente vítima de estupro

O caso que chocou o país

Em uma decisão que gerou repercussão nacional, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou uma juíza de Goiás por ter negado a realização de um aborto legal a uma adolescente de 15 anos, vítima de estupro. O episódio reacendeu discussões sobre a atuação do Judiciário em casos que envolvem violência sexual, bem como sobre o acesso das mulheres — especialmente as mais jovens — aos seus direitos reprodutivos garantidos por lei.


O que diz a lei sobre aborto legal no Brasil?

O aborto é permitido no Brasil em três situações previstas no Código Penal:

  • Quando a gravidez resulta de estupro;
  • Quando há risco de vida para a gestante;
  • Quando o feto é anencéfalo (sem cérebro).

Nesses casos, não é necessária autorização judicial. Basta o laudo médico e o consentimento da gestante — ou do responsável legal, no caso de menores.

Mesmo assim, a juíza envolvida no caso decidiu suspender o processo, alegando “inconsistência documental”, ignorando a documentação da Defensoria Pública e da rede de saúde. A atitude foi considerada ilegal por órgãos jurídicos.


A decisão do CNJ: afastamento e investigação

O CNJ determinou o afastamento da juíza por 90 dias, classificando sua conduta como incompatível com os princípios da legalidade, proteção à dignidade humana e prioridade absoluta aos direitos da criança e do adolescente.

Além do afastamento, o Ministério Público iniciou investigações por abuso de autoridade e omissão de socorro. A conduta da magistrada também será analisada pela corregedoria da Justiça de Goiás.


Reação pública e mobilização social

  • Organizações de direitos humanos e movimentos feministas organizaram protestos em Goiânia.
  • A Defensoria Pública exigiu maior preparo do Judiciário para lidar com casos de violência sexual.
  • Especialistas pedem capacitação obrigatória de magistrados em temas de gênero e direitos reprodutivos.

Quando a lei existe, mas não se cumpre

Apesar de o aborto legal estar previsto desde 1940, o acesso ao procedimento ainda é difícil — especialmente em regiões com pouca estrutura pública. Muitas mulheres enfrentam:

  • Barreiras morais e religiosas
  • Burocracia excessiva
  • Falta de profissionais preparados
  • Desinformação sobre seus direitos

Em Goiás, o caso desta adolescente mostra como mesmo com todos os documentos e garantias legais, o sistema ainda pode falhar gravemente.


Reflexão: justiça não é julgamento moral

A função da justiça é garantir direitos, não impor valores pessoais. Quando uma jovem vítima de estupro é impedida de acessar um procedimento legal, o Estado não apenas falha — ele agrava o sofrimento.

É fundamental que o Judiciário seja tecnicamente preparado e humanamente sensível. Legislação sem aplicação não protege. E nesse caso, a negligência quase custou a saúde física e emocional de uma adolescente.


Conclusão: precisamos falar sobre isso

Casos como esse reforçam a importância de discutir, informar e cobrar. O afastamento da juíza foi necessário — mas não suficiente. É hora de:

  • Melhorar a formação de agentes públicos
  • Garantir o cumprimento das leis
  • Fortalecer redes de apoio às vítimas
  • Criar mecanismos de denúncia acessíveis

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